Daniela Guerreiro
Colabora no Meer desde julho de 2023
Daniela Guerreiro

Usualmente, as pessoas começam a se apresentar descrevendo suas profissões, atuações profissionais e formações. Particularmente, penso que seguir esse caminho pode levar a uma síntese empobrecida de minha jornada de vida até aqui experimentada.

Sou paulista, neta de portugueses, algo que implica em ser uma “paulista aportuguesada”, cujas refeições familiares aos domingos mais pareciam uma mesa posta em Leiria ou Porto, do que às margens do rio Ipiranga. De essa mescla cultural surgiu uma mulher que se considera forte e sensível, paradoxalmente contraditórios, mas adjetivos que me definem em minha amplitude de quem entende o mundo como uma escola em que todas e todos podem desenvolver-se e, sem dúvidas, buscar a felicidade nos afazeres cotidianos.

Não podia ser diferente: sou pedagoga e psicopedagoga. Acredito que todos podemos ser mais hoje do que fomos ontem. Meu interesse pela educação foca-se nas vivências escolares, nas trocas de olhares entre os atores que vivenciam grande parte de suas vidas nesse palco que, apesar de representar a sociedade em que vivemos, tem o poder de transformar vidas e, consequentemente, transformar comunidades.

Seguindo o caminho usual, conto-lhes que atuei como orientadora psicopedagógica, coordenador pedagógica e vice-diretora na educação básica. Ministrei aulas em diversas licenciaturas no ensino superior tanto no Brasil, como no Chile. Dediquei boa parte de meus esforços ao desenvolvimento de investigações sobre os aspectos envolvidos nas crenças de eficácia pessoais e coletivas que permeiam a motivação para ensinar e aprender, tendo como base a teoria social cognitiva. Autorregulação emocional e do aprender, bem como o protagonismo e a agência humana estão entre os construtos que tenho estudado.

Apesar de ter vários artigos publicados em conceituadas revistas acadêmicas, além de capítulos e livros informativos, visando contribuir para a formação de docentes, o que mais me causa orgulho são as lembranças das vivências compartilhadas com os estudantes, professores e amigos. Recordar histórias do estudante “serelepe” que na verdade somente queria um pouco mais de atenção, da professora que necessitava de uma escuta atenta às suas ânsias e dos responsáveis pelos estudantes que viam na orientação psicopedagógica um apoio sobre como lidar com o, às vezes, difícil caminho da educação de seus filhos, servem de energia para manter meus brilhos nos olhos e seguir pelo caminho que elegi: compartilhar conhecimento a fim de fomentar o protagonismo das pessoas.

Hoje, mãe de duas meninas que também vivem em um ambiente multicultural, percebo ainda mais intensamente as angustias e aflições que a educação escolar pode causar às famílias, que em suas especificidades e complexidades, requerem apoio e compreensão. É deste local que pretendo aqui escrever. Usufruir do papel de mãe, que também se questiona e busca acertar os caminhos para promover a criação segura e afetuosa de minhas filhas. Mas, uma mãe que, por sua formação como doutora em educação, tem meios distintos de compreender a escola e o cotidiano que perpassa o contexto escolar.

Assim, pretendo aqui compartilhar saberes que possam auxiliar às tantas pessoas que vivem, de uma ou outra maneira, alguma relação com a escola e a educação de seus filhos ou estudantes. Que possamos, juntos, multiplicar esses saberes!

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