A possibilidade de análise da criança interior exposta à nossa frente na nossa própria tela cine mental é no mínimo desconcertante e reveladora. A manifestação dos eus no tempo e suas relações transpessoais, nos induz à reflexão com exclamação: A criança que um dia foi, ela não deixa de existir! Sim, ela não deixa de existir.

Como somos capazes de esquecê-las? Mantenhamos a imagem do eu criança no Altar do coração, em frente ao Portal do Leste, lugar de iluminação, dos mestres, para que ela não nos deixem esquecê-las jamais. Afinal de contas, ela sou eu!. Ela é você. Apenas cresceu, mas está contida no adulto que se tornou. Nesse momento, levanto o olhar e a vejo na imagem do altar. Olhos de miúdas jabuticabas, chiquinha esticadinha, bochecha rosadinha e verdade pura no olhar. Olhar que me diz: não queira me embotar, eu é que sei, eu sou. Te peço perdão. Sinto muito! Eu te amo, retruquei. E inspiro, sinto a onda do choro rapidamente. Passou. Foi só ânsia, mas eu te amo, interrompeu. Gratidão! Como pensar em esquecer quem verdadeiramente somos, se eu sou você? A nossa falta temporária de comunicação arraigou padrões e replicou crenças, genética, convicções que nos submeteram a um sistema de desenvolvimento estruturalmente abusivo, racista, opressor e crescemos com todas as dores traduzidas em memórias tóxicas circulando em nosso sistema nervoso.

A abordagem sobre determinado mecanismo de intercâmbio entre as personas da criança e do adulto de um único ser, retrata a influência reflexiva e comportamental da criança ferida, que um dia foi e que interfere no mecanismo comportamental da persona adulta desta criança. Esta criança ferida tornou-se um profissional bem sucedido, contudo arrogante e rígido na sua forma de agir. Opressor na sua forma de pensar, egoísta na sua forma de sentir. Abandono, Desamparo, Desamor, ou seja lá qual for a sua dor, ficou tudo arraigado no torpor da dor e do esquecimento. Tornou-se lixo tóxico assentado nos recônditos da nossa pessoa, nos diversos níveis do viver desse adulto. Na realidade, um mecanismo de auto entendimento nasce quando permitimos o re aparecimento da persona criança para a persona adulta. A depender do ambiente e das pessoas ao redor da criança, será o tamanho da dor. Ambientes dificultosos com experiências dolorosas vividas no núcleo familiar, apagam da memória quando adulto, as lembranças dolorosas da infância. Logo aí que começa o embotamento emocional.

Este retorno do seu eu da infância aparece então, para oportunizar ao eu adulto recuperar a essência da criança, e receber novas oportunidades de vida diferenciada. Eu te amo.

Acessar o passado oportuniza o eu adulto compreender a dor das amarguras vivenciadas diante dos seus sentimentos e daqueles que o cercam. Da união deste encontro dos eus, geramos o acesso ao eu futuro desta criança e nos damos a chance de nos tornarmos adultos renovados e com sonhos realizados. Buscar compreender o passado traz a necessidade de acessar a essência deste ser, acolhê-lo e integrar-se a ela sem mais sofrimento, apenas reconhecimento da dor e amor para curá-la. Desta integração nasce a clareza da sua auto regulação e por fim a aceitação positiva e libertária que a experiência traz. Saudamos a esperança, pois é preciso ser criança! A liberdade de ser e de estar. Dá licença que eu quero te dar amor e humor? A Lembrança da Criança é a chave do seu resgate, no seu em si adiante. Apesar de possível dor poder reaparecer da nossa própria, entorpecida falta de amor, a criança é a mais bela possibilidade do Amor vir a ser o que é. Palavras alcançam o amor no seu significado real? O amor não é mental. Ele é incondicional.

O foco na importância positiva da experiência do mundo sensível, optando por não mais sofrer por isso, pois, seja qual tenha sido a falta, o motivo que causou a dor, não saberíamos da possibilidade de ter, seja lá o que, mas sem precisar doer por não ter, como saberíamos que ali naquele momento está acontecendo algo muito doloroso? Adiante, se não sentíssemos a dor para saber o que falta, não conheceríamos o que é querer ter amor. A necessidade de ressignificação dos pensamentos e sentimentos negativos, criará espaço para novos preenchimentos. Só o amor pode curar a dor. Se a dosagem do amor for exata, sobrevém o equilíbrio nos níveis do viver humano. As diversas partes do que somos em Presença em tempo atemporal. O respeito necessário que devemos ter com a trajetória das nossas vidas, suas fases de construção, desenvolvimento e conclusão inacabada ainda que, e certos de que isso facilitará um futuro saudável.

Tomando a experiência como exemplo. Exercitando o poder que há em mim, em cada um, podemos então ferramentalizados, purificar e restaurar as memórias dolorosas do nosso sistema cérebro corpo, ontem, hoje, amanhã. Sempre que necessário, autoresponsabilizar-se por isto. Interrompendo os circuitos eletromagnéticos das relações energeticamente e ou negativamente contaminadas, tóxicas, sem esquecer o incrível poder do perdão, vamos restaurando nossos sistemas cerebrais, naquele ponto que converge o reavivamento das memórias dolorosas vivenciadas. Causa reconhecida e Perfeição para neutralizar os efeitos. Experenciar os circuitos de acesso, nos traz a possibilidade de livramento do lixos emocionais quando finalmente contactamos a alma.