A palavra “Arcano” significa “segredo, mistério”. Os 22 Arcanos Maiores do Tarot escondem os mais profundos segredos da natureza humana, as respostas para cada ser humano, mensagens simbólicas, micro e macrocósmicas.

Os 22 Arcanos maiores que podem identificar Portugal e assim fazer com que Portugal seja lido simbolicamente e assim mude a versão da nossa História, são estes:

O Arcano zero do Tarot é o Louco, a nulidade, a ausência de entidade e todavia é fértil em promessas e possibilidades. É o início do caminho, o vazio disponível, a véspera do Ser. É o início da viagem, da aprendizagem. O Louco simboliza a Fé na coragem para enfrentar os desafios e no divino para ser protegido dos perigos. É o início de uma aventura; a aventura da Vida.Neste caso, do Tarot das Descobertas, o Louco é o Homem caravela que parte em busca de Novos Mundos, de novos Mapas, de novos Mares e sobretudo de um novo oceano de emoções e de nova consciência dentro de si.

Depois, vem o Mago, que representa a energia criativa, ativa e que tem ao seu dispor Fogo, Terra, Ar e Água, os 4 elementos que ele próprio consegue conjugar e fazer emergir num 5º elemento. O corpo. O Mago transforma, é a metamorfose, por excelência. Ele supera-se a si mesmo e torna-se um deus de trazer por casa, capaz de criar. O Mago é o artista sedutor, que escreve e pinta as viagens dos portugueses; as internas e as externas e as transforma em arte. Em Portugal é o pintor Nuno Gonçalves, responsável pelos painéis de S. Vicente de fora.

A seguir, temos a Papisa, que representa ao conhecimento intuitivo, a mulher capaz de aceder a planos mais profundos de consciência. Um é a ligação ao Outro, ao oculto, os caminhos da Árvore da vida. Símbolo de crescimento, a Papisa é a Rainha Santa, com toda a sua misericórdia e rigor, capaz de produzir milagres através da interação das energias.

Eis o III, a Imperatriz, a criatividade em expansão, o prazer sensual, os sentidos despertos. A Imperatriz é Inês de Castro, carnal e celestial, coroada, até depois de morta.

O IV é o Imperador, o lado firme e disciplinado, a organização e o domínio da vida material. O equilíbrio responsável e o auto controlo por excelência governam o Imperador; figura de autoridade, chefe. O Imperador é o Infante D. Henrique.

Quanto ao pentagrama, simbolizado no V, identifica-se com a figura da sabedoria, do Papa, que transforma as verdades materiais em verdades espirituais, oferecendo uma nova dimensão ao poder estabelecido. Cinco é o número que representa o homem arquetípico, desenhado por Leonardo da Vinci. O Papa é D. Dinis, o rei visionário e sábio.

O VI é o número das escolhas. Este Arcano, os Amantes, simboliza as decisões que temos de tomar na vida. Este Arcano é personificado por D. Afonso Henriques, quando este decidiu proclamar a independência do reino de Portugal, mesmo contra o Papa e lutando contra a energia materna.

A simbologia do VII carrega uma energia de combate, mas também de conquista; é o domínio do Homem sobre a matéria; lembra-nos a responsabilidade das escolhas, dos caminhos. É o triunfo do guerreiro que conduz a sua vida. O sete é o Marquês de Pombal, que foi quem criou a Real Companhia dos Vinhos do alto Douro e quem criou a região Demarcada do Vinho do Porto; o decreto real que ainda hoje nos faz voar mais alto e mais longe.

Numerologicamente, o VIII é a materialização da forma superior de lidar com a matéria. O oito é a verdadeira força da virtude; da nobreza de alma, persistência, coragem e convicção, são aspetos essenciais deste Arcano. No masculino, a Força é D. Pedro IV de Portugal; Imperador do Brasil, o do grito de Ipiranga.

Quanto ao IX, o Eremita recolhe-se no seu mundo interior, dedicando-se à pesquisa dos seus mundos. É a verdade oculta, que só a consciência permite alcançar. O Eremita é Nuno Álvares Pereira, o Condestável, que acabou por ser considerado Santo.

A Roda da Fortuna é o X Arcano do Tarot. Ela avança cumprindo os ciclos da vida em constante transformação; transcende a vontade pessoal e traz consigo mudanças. É o perpétuo movimento do desenrolar do novelo eterno. A Roda da Fortuna corresponde aos 40 conjurados que no dia 1 de dezembro de 1640 se reuniram e foram prender traidores e restauraram a independência de Portugal; abalada durante 60 anos pelos Filipes, de Espanha.

A Justiça é o Arcano XI e corresponde ao discernimento, à imparcialidade e ao rigor. Exactamente in media res dos 22 Arcanos; a sua função é de equilíbrio, ponderação e avaliação. Num nível espiritual, a Justiça representa a Ordem Cósmica. Este Arcano fala-nos do assumir das responsabilidades que advêm dos nossos julgamentos e decisões. A Justiça é representada por D. Pedro I, o justiceiro, o Cru, o amante de D. Inês de castro, que a fez rainha depois de morta.

O Arcano XII é o Pendurado ou o Enforcado. Ele simboliza os bloqueios que podem existir dentro de nós e que limitam a visão da realidade. Representa uma fase de espera necessária para que a iluminação aconteça; o desapego seja aceite e se prepare o caminho para a transformação. O amadurecimento é necessário, simboliza a procura de respostas num plano superior. O Arcano simboliza a iluminação. Há necessidade de mudar de perspectiva e é uma fase de transição. É a paragem antes da grande transição: A Morte.

O Arcano XII corresponde ao final do séc.XIX em Portugal, princípio do séc.XX: a decadência da Monarquia. Depois vem a Morte, o Arcano da transformação, o XIII. Entramos num caminho de liberdade ao libertarmo-nos do Ego. A Morte é a outra face do renascimento; simboliza a nossa necessidade de empreendermos mudanças na Vida. Despossuir-se de si, é o primeiro passo para o sol da eternidade. A Morte, em Portugal é a proclamação da república, 5 de outubro de 1910.

A Temperança é o Arcano XIV e simboliza o Novo Ser; é o Arcano da Alquimia e sublinha a harmonia que devemos conjugar em nós. É clarividência; vida renovada. Trata-se de um dinamismo temporal que resolve harmoniosamente as contradições. A Temperança identifica-se com Camões, o Mestre das antíteses e da alquimia do canto IX de Os Lusíadas, onde cantou a nossa História e os nossos Sonhos. Segue-se o Diabo, símbolo da matéria, das tentações, das paixões, das ilusões. Representa a prisão da ignorância; os falsos valores que acorrentam a humanidade. É o confronto com o Ego.

O Arcano XV em Portugal é a Pimavera Marselhista. Salazar morreu e Portugal teve esperança e criou falsas ilusões na figura de Marcelo Caetano. O Arcano XVI é a Torre, a ruptura. O destino encarrega-se de provocar mudanças. Acontecimentos inesperados, acidentes e perdas acontecem. Estas situações são oportunidades de recomeços. É preciso fluir com a maré do destino.

Com o Arcano XVII temos a Esperança simbolizada pela Estrela; temos sensibilidade e Amor incondicional. Harmonia cósmica. Em Portugal, é a Rainha D. Leonor, a que criou as Misericórdias e com isso resolveu problemas de saúde e fome, dado o lado caritativo da instituição, que se identifica com a Estrela.

O Arcano XVIII é a Lua e com ela chegam os medos, os fantasmas escondidos, recalcados, preciso enfrentar. A Lua simboliza o medo do desconhecido e do que não foi curado. É preciso consciencializar tudo isso e trazer à superfície a alquimia completa.

Em Portugal, o Arcano XVIII corresponde ao Adamastor e ao cabo das Tormentas, dobrado por Bartolomeu Dias.

Logo de seguida, passamos ao Arcano XIX, o Sol, a alegria dos medos vencidos; o caminho da Luz; a descoberta do que somos, triunfo, discernimento. Em Portugal corresponde ao caminho marítimo para a Índia, caminho descoberto por Vasco da Gama e trouxe luz para um novo mapa mundi.

O Arcano XX é o Julgamento e a Renovação. A avaliação é exigida. Um novo ciclo irá surgir. O ser completo com todas as suas contradições. É a nossa integração na consciência cósmica. Alquimia da Luz. Balanço, apelo à reconciliação, espiritualidade. Em Portugal foi o rei D. Duarte, o que escreveu O Leal Conselheiro, o rei Eloquente, o primogénito da Ínclita Geração.

Relativamente ao último dos Arcanos, o Mundo, XXI, ele corresponde à realização do ser humano, a fé do Louco recompensada. Símbolo de vitória, é a alquimia a que o mago se propôs no início do caminho da Vida. Figura andrógena é o equilíbrio do feminino e do masculino. Representa os 4 elementos, a alma do Universo; a Grande obra alquímica em que o Homem triunfa no homem. Em Portugal, o Mundo é a Caravela Quinhentista, que deu novos mundos ao Mundo.