A expectativa de vida é algo que vem subindo há décadas. A busca pela longevidade, uma vida centenária (e até mesmo a imortalidade) é um desejo quase que obsessivo do ser humano.

Nos dias de hoje, com os avanços científicos e uma sem número de startups sérias realizando pesquisas sobre telômeros e princípios ativos, o que se vê é um boom de suplementos que prometem esticar os anos de vida, mas sem ofertas verossímeis da importante contrapartida: mais qualidade.

Envelhecer com qualidade é algo que todos buscam, mas ainda é algo para poucos. A expectativa de vida média global aumentou em mais de 5 anos entre os anos 2000 e 2016, saltando de 66,5 para 72 anos, com base em relatório estatístico da OMS.

Contudo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a expectativa de vida e a longevidade, ainda são diretamente afetadas pela questão de renda. Ou seja, embora sejam sinônimos, nem sempre andam acompanhados um do outro.

Em países cujas rendas per capita são baixas, a expectativa de vida é quase 20 anos menor do que em países ricos. Mas isso não é tudo, afinal, o que estamos vivenciando hoje é uma revolução da longevidade e falando em termos de Brasil, o nosso sistema de saúde, infelizmente ainda não está preparado para isso.

É importante salientar que, o envelhecimento populacional não pode, tampouco deve ser visto como um problema, mas sim como um triunfo, afinal o aumento da expectativa de vida é o sucesso de uma série de políticas públicas que foram empregadas ao longo de décadas.

Mas agora é hora dos sistemas de saúde - privado e público se prepararem para a revolução da longevidade que estamos vendo acontecer diante dos nossos olhos.

Falemos primeiramente sobre o sistema de saúde privado, que cada vez mais realiza reajustes acima da inflação para usuários de maior faixa etária. Some-se à essa questão, o fato de muitos procedimentos não serem autorizados, por conta dos altos custos que recaem sobre os planos de saúde, o que leva muitos usuários à justiça contra os próprios convênios.

Na esfera pública, a questão é diferente, embora semelhante. O SUS - Sistema Único de Saúde, não conta hoje com políticas de atendimento que contemplem uma atenção especial a pessoas longevas.

Ou seja, é preciso produzir o que especialistas em saúde pública chamam de “cuidados de longa duração, ou cuidados de dependência” Isso, nada mais é do que a consolidação de um sistema capaz de garantir em um primeiro momento um envelhecimento saudável e após isso, dignidade para pessoas idosas.

Além disso, é válido ressaltar que o artigo cita apenas questões voltadas às políticas de saúde pública.

Sequer falamos de outros aspectos que estão diretamente ligados às maneiras de promover envelhecimento saudável e dignidade ao idoso, como: previdências privada e social e recolhimento de impostos, por exemplo.

A grande verdade dentro dessa esfera é que para que uma população envelheça bem, “talvez” seja necessário mais alguns anos de contribuição previdenciária por parte de cada pessoa, assim como modificações no sistema tributário.

Esses são temas controversos e que geram muito debate (para não falar discussão). Eu mesmo não concordo e acredito que devemos trabalhar tanto quanto trabalhamos atualmente. Da mesma forma que acredito que não se deve pagar cifras absurdas para planos de saúde particulares se poderíamos ter um Sistema Único de Saúde forte e operante.

Já se sabe que, no futuro próximo, mais precisamente no ano de 2030 o Brasil será um país composto majoritariamente por pessoas idosas, contudo, pensamentos acerca de políticas sobre saúde e envelhecimento sequer começaram a ser debatidas. Ou seja: já estamos atrasados.